13/03/16

Um cego que via...

A avó Manuela ia a passear na rua, a aproveitar o calor do momento. E vindo do nada, da paragem de autocarro surge um idoso que lhe pede:
- A senhora ajuda-me a atravessar a rua, por favor? 

A avó até deu um salto! No início, hesitou, teve medo.
Mas o idoso ficou parado, a olhar para ela, expectante e ansioso por se mexer dali. E ela confiou, e dando-lhe o braço, começaram a caminhar.

Foi então que ele lhe contou que estava viúvo, morava longe dos filhos e nem ao domingo vinham ter com ele. Já quase que não via mas recusava-se a ficar em casa isolado, sem apanhar aquele solzinho. Recusava-se a ficar sozinho, a deixar a vida passar.
Queria continuar a fazer parte do Universo!

A avó foi ouvindo a estória, ficando cada vez mais feliz por não ter tido medo, por ter tido coragem de ajudar quem queria teimar. Devagarinho, atravessaram a rua e chegaram ao banco do jardim.

O idoso suspirou e sorriu feliz. E a avó também ficou com o coração cheio daquele sol.
Despediu-se pois tinha os netos e o marido à espera.  

Baixinho, pediu que o senhor não ficasse sozinho muito tempo. Então, pelo canto do olho, viu chegar uma criança com a mãe e sentarem-se no mesmo banco.
Sorrisos foram trocados e a empatia surgiu. 

E a avó pode seguir feliz, com o solzinho no coração.


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